quinta-feira, abril 05, 2007

Carta, daquelas do carteiro

Passo desde já a dizer que não sou o autor desta calúnia.

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Como alguém falou em Salazar, programa da RTP e coisas do género, decidi criar uma carta, a qual é fundamentada num artigo que vi há dias.


Exmo. Senhor Presidente do Conselho

Venho, por este meio, avisar V. Exa. que daqui a 50anos a RTP, que com tanto labor fundámos, irá organizar um concurso no qual V. Exa. será posto à votação para aferir se V. Exa. é um dos maiores portugueses de sempre. Como é óbvio decidi desaconselhar tal programa. As minhas razões são as seguintes:

I - Ao organizar uma votação, a RTP está, implicitamente, a dizer que são os telespectadores a dizer quem é o maior português de sempre e não – como deveria ser em qualquer sociedade organizada – o seu chefe, ou seja, V. Exa..

II – Ao colocar dúvidas se V. Exa. é - ou não – o maior português (e temos a certeza que V. Exa. ganhará, sem espinhas, a votação) somos forçados a admitir que o maior português pode ser outro qualquer, incluindo o Marquês de Pombal ou até mesmo o poeta Fernando Pessoa, o que seria manifestamente subversivo.

III – Surge nas sondagens a hipótese de ser Afonso Henriques o maior português de sempre, o que seria humilhante porque o mesmo não teve de combater o comunismo internacional nem uma guerra do Ultramar que ainda não começou, mas que vai começar dentro em breve. Além de que o mesmo Afonso Henriques jamais teve de aturar o Marcelo Caetano e o professor Hermano Saraiva.

IV – Há ainda a questão da votação. Por exemplo: se é certo que cada telefone só pode votar uma vez, tal parece-me errado. Que raio de sistema é este em que um trolha vota com o mesmo peso que um Professor Doutor de Coimbra? Onde é que o merceneiro se confunde com o ministro e o calceteiro tem o mesmo poder de voto que o Senhor Presidente do Conselho? É claramente um sistema desajustado, do qual não pode sair boa escolha.

Submeto me à sua superior apreciação e a bem da Nação subscrevo-me com a devida estima e consideração.

2 comentários:

Anónimo disse...

:'$ ... cobiço a escrita, o pudor, o manuseamento da língua portuguesa!

Anónimo disse...

:D*